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Entenda os motivos da Crise na Venezuela Socialista de Maduro

Crise na Venezuela: 4,9 milhões de pessoas em fuga, Brasil é o principal destino. Prisões arbitrárias, tortura, violência e execuções em protestos. Não são tempos fáceis para os defensores da liberdade na Venezuela.

Publicada em 01/11/2022 as 16:03h por VATICANNEWS - 1299 visualizações

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Prisões arbitrárias, tortura, violência e execuções em protestos. Não são tempos fáceis para os defensores da liberdade na Venezuela.  (Foto: Paulo Filho)

Crise na Venezuela: 4,9 milhões de pessoas em fuga

O fenômeno migratório está no centro da reunião desta quarta e quinta-feira em Bogotá das Conferências Episcopais da região bolivariana, convocada pelo CELAM. O objetivo é dar uma resposta pastoral e sinodal à crise que o país enfrenta. Hoje novos protestos de rua contra o presidente Maduro. Os dados da ONU sobre as migrações e violências no país são dramáticos.
 

Cecilia Seppia, Mariangela Jaguraba - Cidade do Vaticano

Gás lacrimogêneo, pedras, paus e feridos. Terminou assim mais um protesto organizado pela oposição contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, agora em seu segundo mandato. Da praça João Paulo II, em Caracas, a marcha, ao longo de um percurso de 6 km, deveria ter terminado em frente à sede do Parlamento, mas os agentes da Polícia de Choque pararam mais cedo a manifestação, provocando reações violentas. “Não tenham medo. Este não é um país de escravos”, disse o líder da oposição, Juan Guaidó, que conta com o apoio de Washington e outros 60 Estados dos quais é formalmente reconhecido como presidente interino. A reeleição de Maduro, em 2018, e a crise política, econômica e social que marca a Venezuela desde 2015, aumentaram dramaticamente os fluxos migratórios.

Crise econômica e violência

 

Segundo os dados da ONU, cerca de 4 milhões e 900 mil pessoas abandonaram suas casas para se refugiar em outro lugar. Os dados são da Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, segundo a qual a fuga de cidadãos também se deve aos contínuos atos de violência perpetrados pelas forças de segurança e pelos apoiadores do Governo, contra os parlamentares da oposição.

O gabinete da Alta Comissária documentou “agressões contra opositores políticos, manifestantes e jornalistas, sem que as forças de segurança agissem”. Piora também a situação econômica, as sanções impostas pelos EUA que, por mais justas que fossem, pesariam ainda mais sobre os 2,3 milhões de pessoas em condições de grande insegurança alimentar.

Igreja na linha da frente

 

Como sempre, a Igreja está ao lado da população local. A questão crucial da crise migratória terminou hoje na mesa do encontro de todas as Conferências Episcopais da região bolivariana, convocada, em Bogotá, pelo Conselho Episcopal Latino-americano (Celam). De acordo com a nota enviada à Agência Fides, este encontro está em continuidade com a precedente reunião de Cúcuta: através de um diálogo aberto se refletirá sobre as perspectivas regionais, a fim de dar uma resposta pastoral e sinodal ao fenômeno migratório.

O ponto de referência será a análise da crise sociopolítica venezuelana e da crise migratória regional, que será apresentada pelo teólogo e especialista do CELAM, o venezuelano Rafael Luciani. Ao mesmo tempo, será discutida a oportunidade de fortalecer o Red Clamor (Clamor Vermelho) como mecanismo de articulação eclesial que permite a construção de um roteiro regional sobre o tema.

Não importa qual a sua ideologia política ou o modelo socioeconômico que você considera mais justo e eficaz; qualquer indivíduo que acompanha o noticiário há de concordar que a Venezuela passa por uma crise econômica e humanitária sem precedentes na história da América Latina.

Além de itens básicos de higiene e comida nas prateleiras do supermercado, falta também liberdade no país. A seguir, detalharemos as questões sociais, políticas, econômicas e humanitárias que transformaram a Venezuela em um verdadeiro purgatório socialista.

Democracia

Apesar de grupos ideologicamente alinhados a Nicolás Maduro tentarem dizer o contrário, a Venezuela hoje é, sim, uma ditadura.
Estudos realizados na Universidade Carlos III de Madrid questionam o sistema eleitoral do país, e o Democracy Ranking Association coloca o sistema de governo venezuelano como um dos piores do mundo. Como se não bastasse, milícias paramilitares armadas pelo próprio governo aterrorizam cidadãos comuns que ousam contestar ou criticar o atual regime. Talvez seja por isso que Maduro ganhe todas as eleições para as quais concorreu e já está há seis anos no poder.

Se você pensa que é simples protestar contra toda essa atrocidade, está enganado. Partidos políticos podem ser excluídos de processos eleitorais – como aconteceu nas eleições municipais com o partido Vontade Popular, do preso político Leopoldo Lopez e do presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó – e canais de televisão e meios de divulgação de conteúdo como YouTube e Google foram proibidos sob alegação de serem “golpistas”.

Como se não bastasse, a divisão dos três poderes está arruinada no país. O Tribunal Supremo de Justiça (judiciário), assumidamente chavista e leal a Maduro, declara nulas as deliberações da Assembleia Nacional (legislativo), que faz oposição ao ditador. Assim, o executivo triunfa e silencia as vozes contrárias ao regime.

Direitos Humanos

Prisões arbitrárias, tortura, violência e execuções em protestos. Não são tempos fáceis para os defensores da liberdade na Venezuela.
Em relatório publicado em 2014, a ONG Anistia Internacional já alertava sobre a truculência em manifestações. À época, os conflitos deixaram 550 feridos e 37 mortos. Infelizmente, a situação não mudou desde então.

Na onda de manifestações entre os dias 21 e 27 de janeiro, que mobilizaram a Venezuela e o mundo, 35 pessoas foram assassinadas e outras 850 arbitrariamente detidas, sendo 77 menores de idade, segundo a ONG Provea (Programa Venezuelano de Educação e Ação em Direitos Humanos) e a ONU; ainda segundo a primeira entidade, há registro de oito execuções realizadas pela polícia em bairros pobres.

A tortura também é método usual contra presos políticos. Segundo relatório da ONG Human Rights Watch, casos de estupro, abuso psicológico e violência física são praticados por agentes do governo: desde figuras públicas opositoras do regime a adolescentes que criticavam Maduro na internet, todos são alvos fáceis para a ditadura.

A ONG afirma ainda que não foram encontradas evidências de que grandes autoridades chavistas, cientes das violações, teriam tentado de alguma forma coibir as práticas. Ao contrário – foram coniventes.

Economia

Com uma inflação de 82.000% e o quilo de carne custando 9,5 milhões – antes da implantação da nova moeda -, a Venezuela passa por um descompasso econômico chocante e desolador.

Os problemas não começaram com a chegada de Nicolás Maduro, mas se intensificaram conforme o ditador aumentava desenfreada e artificialmente os gastos públicos e o salário mínimo.

Com o governo gastando muito mais do que arrecada, sem nenhum rigor, e adotando medidas intervencionistas – como expropriar terrenos – os agentes ficam desconfiados e começam a elevar os preços, aumentando por consequência os custos de toda a cadeia produtiva.

E esse fenômeno não se restringe a apenas deixar uma cesta de produtos imensamente mais cara: ele causa desigualdade, carência e escassez.

Faltam alimentos e itens de higiene básica – como carne, absorventes e papel higiênico – nas prateleiras dos supermercados. Segundo a Confederação Nacional de Associações de Produtores Agropecuários da Venezuela (Fedeagro), a agropecuária no país não é rentável por conta dos controles governamentais que fazem com que bens de primeira necessidade fiquem abaixo do custo de produção. Por consequência, produz-se menos e a oferta de bens disponíveis diminui.

A miséria também alcançou níveis alarmantes. Segundo pesquisa da Universidade Católica Andrés Belo, em 2017 87% da população sobrevivia com renda abaixo da linha da pobreza.

Tudo isso gerou uma imensa diáspora de venezuelanos em busca de melhores oportunidades nos vizinhos latino-americanos. Brasil, Chile e Colômbia são os mais afetados pela onda migratória e vêm vivenciando uma série de problemas quanto à alocação dos refugiados nos territórios e xenofobia.

Exército

Existe uma razão pela qual Maduro se perpetua no poder mesmo com níveis baixíssimos de aprovação popular e pressão internacional. O exército venezuelano foi comprado e supervalorizado durante as décadas do chavismo, movimento que se intensificou conforme a crise avançava, e hoje protege e mantém a ditadura bolivariana.

Dos 32 ministérios existentes no país, 11 são comandados pelos militares – incluindo defesa, agricultura e alimentação. Isso significa que o exército venezuelano controla a produção e distribuição de alimentos básicos, além de um canal de televisão, uma estatal de petróleo, um banco, uma construtora e uma montadora de veículos. Maduro fatiou o estado e o poder entre militares de alto escalão para se sustentar.

Por esta razão, muitos alegam que hoje a Venezuela vivencia algo semelhante a uma ditadura militar; afinal, o grupo detém poder dentro do governo e tenta legitimar nacional e internacionalmente seu representante.

Isso não significa que todo o corpo militar da Venezuela é conivente com a ditadura, mas com os generais do regime o medo de retaliação cala os oficiais de patentes mais baixas.

Esta, no entanto, é apenas a ponta do icerberg: há diversos indícios de que as forças armadas venezuelanas possuem ligação com o narcotráfico. O ministro do interior, Nestór Reverol, e o ex-diretor de inteligência Hugo Carvajal são investigados pela justiça norte-americana por tráfico de drogas e envolvimento com o crime organizado. O filho adotivo de Maduro foi também preso nos EUA portando 800 quilos de cocaína.

Ideologia

A Venezuela é um país socialista. Muitas figuras da esquerda mundial tentam agora dissociar o regime chavista do socialismo, mas por décadas o apoiaram e aplaudiram. Ainda hoje, alguns setores brasileiros seguem defendendo a ditadura de Maduro, como o Partido dos Trabalhadores (PT) e a União Nacional dos Estudantes (UNE).

O país seguiu, no entanto, uma forma muito singular de socialismo: o Bolivarianismo. Inerentemente latino-americano e inspirado na grande figura da independência da região – Simón Bolívar – esse conjunto de pensamentos propõe a união dos países sul-americanos em uma única agenda, a não-intervenção estrangeira na área e o uso do aparato governamental para a promoção de igualdade e distribuição de bens.

Foram essas as ideias levadas a cabo por Hugo Chávez e seu sucessor que gradualmente causaram um colapso econômico sem precedentes no país.

Apesar do malabarismo argumentativo de alguns, a Venezuela segue tendo uma matriz ideológica de extrema-esquerda antidemocrática.

Recentes Manifestações

No poder desde a morte de Hugo Chávez e reeleito após um pleito com legitimidade contestada internacionalmente, Maduro assume mais uma vez a presidência da Venezuela em Janeiro de 2019.

Com centenas de milhares morrendo de fome e com a pesada repressão governamental, a Assembleia Nacional declarou que Maduro era um usurpador da presidência e propôs a criação de um governo de transição e convocação de novas eleições. Em retaliação, Tribunal Supremo de Justiça – órgão judiciário declaradamente chavista – considerou nulos todos os atos aprovados pela assembleia.
Assim, em meio a uma descarada instauração de ditadura, Juan Guaidó, congressista da oposição, declarou-se presidente interino da Venezuela e convocou a população às ruas.

Venezuelanos foram às ruas no dia 21 de Janeiro nas principais cidades do país declarar que consideravam Guaidó seu presidente. A praça Baquedano, em Santiago, e o Museu de Arte de São Paulo (MASP) também foram ocupadas por refugiados com o mesmo propósito. O comício pró-Maduro em Caracas foi um verdadeiro fiasco se comparado à magnitude dos protestos pela sua saída.
Obviamente, esta data memorável trouxe consigo 35 mortes e centenas de prisões arbitrárias. A violência policial não dá tréguas em uma ditadura.

Diversos países, no entanto, saíram em apoio de Guaidó e do povo venezuelano, dentre eles Estados Unidos, Canadá, Brasil e Reino Unido. Alemanha e França deram um prazo de oito dias para que Maduro saísse do poder e convocasse novas eleições. Uma quantidade menor de países apoiou o ditador – a maioria deles pouco alinhados a princípios democráticos – como Cuba, Rússia, Turquia, China, dentre outros.

E o Petróleo?

Diversos setores da esquerda argumentam que o interesse dos norte-americanos na saída de Maduro se deve à cobiça por petróleo. Só há um problema: Os EUA não precisam de petróleo estrangeiro atualmente.

O país hoje lidera a lista de produtores mundiais (13.55%), acima da Rússia (11.67%) e da Arábia Saudita (10.23%). A Venezuela aparece na décima terceira posição (2.02%) abaixo até mesmo do Brasil (2.81%).

Segundo relatório da agência de notícias Reuters, a produção norte-americana chegará a 12,06 milhões de barris por dia no primeiro trimestre de 2019.

Isso coloca os EUA em posição de exportador, e não importador, da commodity, não fazendo o menor sentido gastar capital político internacional para tomar petróleo de outro país.

O que fazer diante da crise humanitária venezuelana?

Se você perguntar à maioria das pessoas que se intitulam “de esquerda” o que elas acha de censura, assédio e estupro de presas políticas, miséria, escassez e grande poder militar no governo, elas provavelmente repudiarão essas práticas; mesmo assim, muitos declaram-se conivente com o regime venezuelano sob um sem-número de narrativas descoladas da realidade.

É preciso tomar uma posição verdadeiramente ativista e pró-liberdade em um momento em que os mais básicos direitos humanos são violados em nome da revolução chavista. E isso precisa transcender as noções de esquerda e direita; estamos falando de vidas arruinadas em nome de um ideal de poder.

Fontes:

  1. Renova Mídia
  2. Spotniks
  3. G1
  4. Veja
  5. El País
  6. Human Rights Watch
  7. Anistia Internacional
  8. Uol
  9. Folha
  10. G1
  11. IstoÉ
  12. Reuters



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